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terça-feira, 29 de junho de 2010

Ah! que vexame..........

A NOTÍCIA CHEGOU ARRASADORA.

A mulher, em transe, descabelou-se, aos gritos. A vida acabava de lhe enredar num tremendo espinhel... Havia saído de casa no início da semana, para um compromisso familiar, com previsão de volta para o domingo e, antes mesmo de abraçar todos os parentes, a notícia a alcançou, puxando-a para casa com a maior urgência.

O marido, Zé Pio, sem dar um pio, pifou. De vez. Culpado, o coração, por causa da voltagem, há muito, oscilante.

Retorno dramático, o da recém-viuvada. Ih! lembrou-se de repente: a palavra viúva sempre lhe pareceu ter cheiro de mofo e gosto de ferrugem!

A chegada a casa, traumática e encharcada de lágrimas. A vista do quarto do casal, dolorosa. Mas o jeito, preparar-se para as novas funções impostas pela viuvez. E rumar para o cemitério. E foi o que ela fez, com amargura.

Acompanhada de “Ai, meu Deus!”, “O que fiz para merecer isso?”, “O que será de mim?”, entrou na sala do velório e logo se precipitou, aos prantos, transtornada, com a dor vestida de preto, sobre aquela inércia em forma de corpo. E, dele, a saudade já sentia falta.

– Oh! Zé Pio, sou pura consumição! E você, como sempre, se aproveitando de minha ausência para aprontar alguma, né? Por que fez isso comigo, meu nego?! Nossa, você está tão diferente...! – e apalpava o rosto branco do marido, com mãos desentendidas e trôpegas. – Esse bigode... Que bigode é esse, homem de Deus, se você nem tinha bigode?! Por que partir disfarçado assim, queria enganar quem? Diga-me, insisto: onde arranjou esse bigode?

– Comadre, comadre, acalme-se, olhe o vexame! Venha, você errou de velório, criatura! Compadre Pio está é na sala ao lado.

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